Dia Mundial da Alimentação e seletividade alimentar
A 16 de outubro celebra-se o Dia Mundial da Alimentação, uma data que sublinha a importância de uma dieta equilibrada para a saúde física e mental, especialmente durante a infância, fase fundamental para o crescimento e desenvolvimento. Uma alimentação saudável fornece os nutrientes necessários para fortalecer o sistema imunológico e apoiar o desenvolvimento cognitivo. No entanto, muitas famílias enfrentam desafios ao tentar proporcionar essa alimentação equilibrada, especialmente quando lidam com crianças que apresentam seletividade alimentar. Este comportamento caracteriza-se pela rejeição de novos alimentos ou a preferência por uma dieta muito restrita, geralmente com base em características sensoriais como a textura, a cor ou o cheiro.
A seletividade alimentar pode levar a preocupações nutricionais e a momentos de tensão durante as refeições, uma vez que garantir uma dieta variada e equilibrada para estas crianças pode ser extremamente difícil. Para lidar com esta questão, existem algumas estratégias que podem ajudar as famílias a superar a seletividade alimentar:
· Dessensibilização gradual: uma das estratégias mais eficazes, segundo a literatura, é a exposição gradual a novos alimentos. Começa-se por introduzir o alimento, por exemplo, deixando a criança explorar visualmente ou tocar o alimento, sem a exigência de comer. Gradualmente, a criança vai-se familiarizando, o que pode reduzir a resistência à sua ingestão.
· Variedade sensorial: a seletividade pode estar relacionada com certas texturas, cores ou sabores. Oferecer variações do mesmo alimento em diferentes formas (por exemplo, batata cozida ou em puré) pode ajudar a encontrar uma forma que seja mais aceitável. Permitir que a criança tenha algum controle na escolha da forma do alimento pode também aumentar a sua aceitação.
· Modelo na família: utilizar os pais ou irmãos como modelos pode ser uma boa estratégia. As crianças tendem a imitar comportamentos que veem à sua volta, por isso ter refeições em família onde todos experimentam novos alimentos pode encorajar a criança a fazer o mesmo.
· Reforço positivo: é importante utilizar reforços positivos, sempre que a criança experimenta um novo alimento, mesmo que seja uma pequena quantidade. Elogiar e oferecer recompensas do seu interesse pode motivar o comportamento de experimentar alimentos diferentes.
· Respeitar o tempo da criança: é importante respeitar o tempo da criança, mantendo a introdução de novos alimentos de forma consistente, mas sem exercer pressão excessiva.
· Rotinas estruturadas: criar uma rotina previsível nas refeições, com horários fixos e um ambiente calmo, pode ajudar a criança a sentir-se mais confortável. Ter consistência ajuda a reduzir a ansiedade e aumenta a segurança da criança em relação ao que esperar no momento das refeições.
· Acompanhamento especializado: o acompanhamento por profissionais especializados, como psicólogos e nutricionistas pode constituir um importante aliado e uma fonte segura para garantir que as intervenções são eficazes e seguras.
Estas estratégias, quando aplicadas de forma consistente, podem ajudar a melhorar a variedade alimentar e reduzir a seletividade, promovendo uma alimentação mais saudável.
Raquel Fragoso, MS, Psicóloga e Terapeuta Comportamental